
Abrigo Nova Vida
O acolhimento das jovens se faz de forma que elas vivam relativamente bem financeiramente após a maioridade. Porém, na unidade de acolhimento, apenas três adolescentes entre 16 estão engajadas no mercado de trabalho, segundo o site da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Governo do Estado do Ceará. O abrigo também tem um projeto chamado “Projeto Abrigar”, que profissionaliza essas jovens.
Segundo a assistente social, Vanessa Nascimento, a casa não estipula um tempo para que as recém-adultas saiam, porque elas têm “uma noção” de quando devem sair. Por isso, quando começam a trabalhar, juntam o dinheiro e, de acordo com a assistente, se juntam entre elas para alugar alguma casa.
A vida das jovens é como a de uma casa de família. As adolescentes têm horários para comer, ajudar nas atividades domésticas, estudar e dormir. Elas precisam seguir à risca os horários estipulados pela assistente social. Segundo Vanessa, tratam-se como irmãs, brigam, se divertem, conversam e assistem TV.
Ao chegar na casa, nossa equipe se perguntou se realmente o endereço estava correto, pois não havia nenhuma sinalização indicando que ali era o Abrigo Nova Vida. A assistente social Vanessa contou que o motivo de não haver essa sinalização se dá ao fato de que as adolescentes não querem ficar conhecidas como “as meninas que moram no abrigo”. Elas querem ter uma vida normal. A intenção é que o local seja o mais parecido com uma casa tradicional.
Ainda de acordo com Vanessa, elas preferem não contar que vivem em uma unidade de acolhimento para não sofrer algum tipo de bullying, de preconceito por parte de quem não conhece como funciona o sistema. Muitas vezes, elas acham que isso pode afetar a relação dela com outras pessoas. Até mesmo na hora de conseguir um emprego.
De acordo com Vanessa, em todos os casos, o abrigo tenta ajudar a família, mas o trabalho da casa de acolhimento é especialmente com a adolescente. As situações pelas quais levam as meninas até o Abrigo Nova Vida é, principalmente, questões de abuso sexual e psicológico; vício e tráfico de drogas por parte dos pais; negligência; e falta de condições materiais.
Segundo a assistente social, Lígia Prado Almada, as casas dão apoio para os adolescentes se inscreverem em projetos do governo, como “Minha Casa, Minha Vida”. No caso de jovens com deficiências mentais, eles ficam sob a tutela do Estado se não tiverem família.
Apesar de cuidar das adolescentes, o trabalho com famílias é de responsabilidade do Centro de Referência Especializado da Assistente Social (CREAS) apenas se houver denúncia. O centro trabalha, principalmente, prestando serviços a indivíduos que tiveram seus direitos violados, mas ainda mantêm vínculos familiares.
Segundo Greici Saldanha, os trabalhos feitos pelo CREAS são de denúncias do Disk 100. Portanto, a família é apenas atendida pelo CREAS se houver queixa ou se o juiz estabelecer que é necessário sua ajuda.