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Adoção tardia

No Brasil, a preferência de adoção é para bebês. Com a demora do processo, algumas crianças não conseguiram ser escolhidas para fazer parte de uma família. Elas cresceram e a esperança diminuiu. Isso gera uma série de questionamentos. Como essas crianças são tratadas em abrigo? Como é trabalhado o psicológico delas em relação a rejeição? Como será que elas imaginam o próprio futuro?

 

Muitas vezes, essas crianças por um processo de entrevista ou de conexão com futuros pais. Isso gera um trauma na criança ou adolescente , podendo  provocar uma série de problemas psicológicos. “Ela [a criança] acha que ela não presta, porque ela está ali [para a adoção], então ela não deve ser boa. Passa muito isso pela cabeça”, relata a juiza Anna Lúcia Vanderlei.

 

Mesmo com todas essas dificuldades, essas crianças ainda têm uma última esperança: a da adoção tardia. Elas têm noção que é mais difícil, mas nesse caso, a esperança realmente é a última que morre.

 

“Amai o próximo como a si mesmo”. Essa foi a frase que marcou Thiago Holanda quando passou a conhecer a rotina de uma criança acolhida. A cada visita, ele conta que sentia o chamado, porém, o medo era muito presente. Thiago afirma ter tido muitos questionamentos que, por algumas vezes, o faziam ficar em dúvida.  

 

“Minha ignorância era tamanha a ponto de pensar:  como posso querer adotar se sou pobre? Se não posso dar um quarto? Uma casa boa?”, diz.  Ao conhecer o Projeto Apadrinhamento Afetivo, pôde ter um contato de forma legal com o abrigo e com a criança. Os trâmites legais de cadastro para o processo foram aprovados e o convívio com Pedro, que na época tinha 10 anos, foi aumentando. Assim, os laços de amizade se transformaram em amor paterno e foi quando Thiago decidiu entrar na fila nacional de adoção.  

 

Após três anos, o pai do Pedro, de 13 anos, entende que ter acompanhado a rotina das crianças, principalmente as maiores, foi decisivo para sua atitude. “As crianças não querem casa com piscina, um quarto, uma família rica ou coisas do tipo. Quando adotei meu filho, ele tinha 10 anos e já se sentia desprezado, hoje ele tem 13 e assim como ele, o que todas elas querem é ser amadas. Querem uma família para poder dizer: eles se importam comigo!”

© 2018.1 feito pela turma de Jornalismo Investigativo - Universidade de Fortaleza (Unifor)

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